PROJETO ARTE E CIDADANIA EM HELIÓPOLIS





MÓDULO I - O DIA EM QUE TÚLIO DESCOBRIU A ÁFRICA - REALIZADO EM 2009




MÓDULO II - NORDESTE/HELIÓPOLIS/BRASIL - REALIZADO 2010/2011






MÓDULO III - UM LUGAR AO SOL ( EM ANDAMENTO)



terça-feira, 3 de julho de 2012

 

Palavras do crítico de teatro José Cetra, que postou no seu blog PALCO PAULISTANO suas impressões sobre o espetáculo O DIA EM TÚLIO DESCOBRIU A Àfrica:  

 

MUITA EMOÇÃO NO DIA EM QUE TÚLIO DESCOBRIU A ÁFRICA

     Há uma frase atribuída a Ferreira Gullar que diz “A arte tem de ter algo que me tira do chão e deslumbra”. O deslumbramento veio desta vez com a surpresa pelo emocionante trabalho da Companhia de Teatro Heliópolis apresentado em um galpão nos fundos da casa que pertenceu á professora  Maria José de Carvalho (1919-1995) no Ipiranga.

     A abertura do espetáculo já pega o público pela emoção quando cada um dos atores se apresenta, fala seu nome e depois diz “mas aqui pode me chamar de Túlio”. Neste ponto, houve um momento mágico no dia em que assisti ao espetáculo, só possível de acontecer no teatro, porque único e irreprodutível: a atriz Dalma ao se apresentar comentou o fato de ser mãe de duas crianças e olhou ternamente para uma mãe que estava entre o público com um bebê no colo. Túlio é um jovem  office boy da favela de Heliópolis que é abordado por soldados na rua e apanha por puro preconceito, além de ter o dinheiro com o qual ia fazer um pagamento confiscado. A mãe embala seu sono e lhe oferece brigadeiro de colher. Túlio se transporta para a África e com a ajuda de um guia descobre suas raízes e a importância da cultura africana. Neste momento a peça torna-se excessivamente didática, o que se pode entender, pelo fato da mesma ser endereçada a um público jovem formado por estudantes das escolas no entorno da favela de Heliópolis. A partir da chegada da Europa (protagonizada  de forma bastante discreta e sem estereótipos pelo também capoeirista Donizete Bomfim) a peça retoma o seu caráter épico e termina de forma poética com a oferenda da água para o público (que curiosamente, talvez por timidez, não reagiu e não tocou na água).
      Espetáculo simples, feito com poucos recursos, mas eficiente e comovente na sua espontaneidade e que cumpre um importante papel de iniciar os jovens no mundo do teatro e também nos assuntos relativos a preconceitos não só raciais, mas também de classe e sexuais.
     Parte dos atores não pertence à comunidade de Heliópolis e tem experiência profissional como Ju Colombo (voz possante e presença marcante) e Bruno Lourenço (que interpreta Túlio com muita desenvoltura), mas o elenco como um todo é muito harmonioso. As soluções cênicas e o desempenho homogêneo do elenco devem-se à segura direção do jovem Miguel Rocha, também integrante da comunidade de Heliópolis.
     Lamentavelmente o espetáculo saiu de cartaz no último fim de semana, mas se voltar o cartaz recomendo vivamente que as pessoas sensíveis e carentes de um teatro alternativo de qualidade vão assisti-lo.

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